Militares russos que abandonam seus postos durante a guerra na Ucrânia têm sido submetidos a torturas brutais, de acordo com denúncias recentes. Vídeos que circulam nas redes sociais e análises de especialistas indicam um cenário de violência interna crescente nas forças armadas da Rússia.
Em imagens divulgadas, soldados aparecem amarrados a árvores por seus próprios companheiros, sendo deixados em meio a ataques de drones ucranianos. Em outros registros, militares são arrastados por jipes em uma prática conhecida como “carrossel”. As punições, segundo relatos, ocorrem como forma de castigo por deserção ou comportamento considerado inaceitável nas fileiras do Exército.
Um dos vídeos, publicado em maio deste ano, mostra soldados torturando colegas próximos à linha de frente como punição por “decepcionarem a nação”. Em outra gravação, analisada pela emissora americana CNN, um militar é deixado preso a uma árvore no meio de um ataque de drones, sendo descrito como um “sacrifício” à figura folclórica Baba Yaga, personagem do imaginário eslavo que representa uma bruxa assassina.
“Voam e matam todo mundo”, afirmou um comandante ouvido pela emissora ao descrever os drones ucranianos, apelidados de Baba Yaga pelos soldados russos, que, segundo ele, causam “pânico terrível” entre os feridos.
De acordo com dados do Instituto para o Estudo da Guerra, dos Estados Unidos, com base em documentos vazados do Ministério da Defesa russo, cerca de 50 mil militares já desertaram desde o início da invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022.
O jornal “The Express U.S.” informou que o Kremlin tem intensificado as estratégias de recrutamento para suprir a perda de combatentes. As campanhas ocorrem em estações de metrô, em residências, abrigos de sem-teto e até em prisões. A busca por novos soldados também foi estendida ao exterior.
Organizações internacionais também têm denunciado os abusos cometidos dentro do Exército. A ONG Get Lost, sediada em Barcelona, ajuda cidadãos russos a evitar o alistamento ou a abandonar as forças armadas. Segundo o fundador da entidade, Grigory Sverdlin, mais de 1.700 pessoas já foram auxiliadas desde a criação da organização, seis meses após o início do conflito.
“Para eles, perder um tanque, perder um veículo é muito pior do que perder, digamos, 10 ou 20 pessoas. Frequentemente ouvimos de nossos clientes que os policiais dizem que todos estarão mortos em uma semana. O policial receberá outra unidade, então não é um problema para eles”, disse Sverdlin.
Apesar de a deserção ser punida com até 15 anos de prisão na Rússia, os vídeos sugerem que punições físicas e humilhantes são utilizadas para intimidar os soldados.
Segundo um relatório do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, quase 1 milhão de militares russos já foram mortos ou feridos desde o início da invasão. A Otan estima que, só em 2025, cerca de 100 mil soldados russos morreram em combates.
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Fonte:Notícias ao minuto