IGOR GIELOW
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Zona de atrito intenso entre as forças de Vladimir Putin e da Otan, a aliança militar do Ocidente, o mar Báltico foi palco de uma cena inusitada entre os inúmeros encontros de aeronaves rivais: um caça russo deu um “chapéu”, para ficar na metáfora futebolística, em um sueco.
O incidente ocorreu no sábado (7) e foi divulgado por canais militares russos no Telegram. No vídeo, o copiloto de um Sukhoi Su-30 filma a abordagem de um Saab Gripen C, de um lugar, avião da geração anterior ao modelo comprado pelo Brasil em 2014.
Quando o caça sueco se aproxima, uma interceptação clássica de acompanhamento de rota, o russo resolve sobrevoá-lo da direita para a esquerda, passando a poucos metros da aeronave.
Não é exatamente uma manobra usual, e se encaixa no padrão de queixas frequentes da Otan acerca das formas com que os russos tentam se livrar das escoltas. Não houve declarações de nenhum dos lados.
Tais encontros são comuns, particularmente perto de Kaliningrado, onde ocorreu o incidente. O exclave russo entre Polônia e Lituânia foi bastante militarizado desde que as tensões devido à Guerra da Ucrânia explodiram.
Para complicar, a Rússia está em meio a um exercício militar na região, reunindo forças navais e aeronaves. Isso aumenta o risco de entrechoques potenciais, até porque a Otan tem escalado sua presença báltica desde a adesão de dois grandes países da região, Finlândia e Suécia.
Ambos abandonaram a tradição de neutralidade devido à percepção de risco vinda do leste, e integram a força-tarefa da Otan que patrulha a área atrás de navios russos suspeitos de sabotar cabos submarinos vitais para os rivais, algo que Moscou nega.
Nesta terça (10) também surgiram duas imagens de interceptações próximas na área de Kaliningrado: um Eurofighter Typhoon italiano e um outro Gripen escoltaram aviões russos não identificados, provavelmente modelos de coleta de dados turboélice.
No caso do avião de Roma, ele faz parte do programa Policiamento Aéreo do Báltico, iniciado em 2014 quando Vladimir Putin anexou a Crimeia. Países da Otan fazem rotações de quatro meses em bases na Lituânia, onde os italianos dividem a tarefa com franceses agora, e na Estônia, onde estão holandeses.
Os três Estados Bálticos não têm força aérea própria, e sua condição de ex-repúblicas soviéticas é vista como um atrativo a mais para uma eventual agressão russa -que, na prática, pareceria improvável dada a cláusula de defesa mútua da Otan, mas os aliados europeus têm dúvidas acerca do comprometimento do governo russófilo de Donald Trump.
Também nesta terça, a cada vez mais incisiva Finlândia fez uma queixa formal à Rússia acerca de uma suposta invasão de seu espaço aéreo. O incidente não teve ainda detalhes revelados ou manifestação de Moscou, que como os ocidentais usualmente testa o tempo de reação dos rivais na defesa de suas fronteiras.
Fonte:Notícias ao minuto