China mobiliza arsenal avançado para desfile militar



NELSON DE SÁ
PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – Nos dois últimos fins de semana, nas noites de sábado para domingo, o centro de Pequim parou para os ensaios da parada militar do 80º aniversário da vitória na chamada Guerra de Resistência, como é lembrado o conflito com o Japão.

O desfile está programado para o próximo dia 3 de setembro, para revista das tropas pelo líder Xi Jinping, com a presença dos presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Indonésia, Prabowo Subianto, entre outros.

O que mais chamou a atenção, nas diferentes cenas dos ensaios que se espalharam por mídia social, foram os armamentos, inclusive nos céus da capital.

Nesta quarta (20), a poucas quadras do local que vai concentrar autoridades e público na avenida Chang’an, diante da Cidade Proibida, dois generais responsáveis pela cerimônia deram uma entrevista coletiva, confirmando o protagonismo dos equipamentos.

Serão as armas mais recentes, para demonstrar o poderio do Exército Popular de Libertação, como é chamada a reunião das Forças Armadas chinesas. “Muitas delas estarão sendo mostradas pela primeira vez”, disse o general Wu Zeke, oficial sênior do Estado-Maior Conjunto da Comissão Militar Central.

“Todas são produzidas na China e estão no serviço ativo”, declarou, descrevendo a maioria como de última geração, listando tanques, caças, drones e mísseis, inclusive hipersônicos.

“Serão mostrados equipamentos inteligentes não tripulados terrestres, marítimos e aéreos, bem como forças de combate cibereletrônicas, como um novo tipo de drones, armas de energia direcionada e sistemas de interferência eletrônica”, detalhou.

“Com alto nível de informatização e inteligência, as armas a serem exibidas demonstrarão a capacidade das Forças Armadas chinesas de se adaptarem ao desenvolvimento científico e tecnológico e à evolução das formas de guerra, e de vencerem guerras futuras.”

Segundo o coronel da reserva Paulo Filho, analista militar pós-graduado pela Universidade de Defesa Nacional em Pequim, as paradas na China são usadas para demonstração de força, inclusive armamentos. “Eles sabem que os olhos do mundo estarão no desfile e aproveitam para apresentar novos sistemas e materiais.”

Com dois objetivos principais, avalia. “O primeiro é dissuadir eventuais adversários, o que não é facilmente atingido porque o principal, os Estados Unidos, certamente já conhece os equipamentos que participarão.”

O segundo é encontrar novos mercados para os armamentos. “Embora isso ocorra primordialmente em encontros e feiras, os desfiles acabam por impressionar as lideranças de mais alto nível dos potenciais compradores, o que pode destravar negociações.”

Em julho, o porta-voz do Ministério da Defesa Nacional, Jiang Bin, diante das notícias sobre o interesse internacional pelo caça chinês J-10, usado com sucesso pelo Paquistão contra a Índia, comentou que a China “está disposta a compartilhar as conquistas do desenvolvimento de seus equipamentos com países amigos”.

Nos ensaios, agora, um dos armamentos que mais chamaram a atenção da cobertura setorizada, tanto chinesa quanto anglo-americana, foi o drone furtivo FH-97, que surgiu em imagens de mídia social, coberto, sendo transportado pelas ruas da capital.
Se confirmado como parte do serviço ativo, seria o primeiro drone do gênero pronto para combate no mundo -quatro anos antes do previsto para projeto semelhante dos EUA.

Além das armas, há os soldados. “Os chineses dão atenção aos mínimos detalhes da ordem unida, com treinamentos exaustivos que duram semanas”, conta Paulo Filho. “Pretendem com isso transmitir uma mensagem de disciplina e coesão.”

Na entrevista coletiva, o também general Xu Guizhong afirmou que os soldados selecionados são de “alto calibre” e que, com a preparação, o objetivo é “promover a conscientização e o moral”. Acrescentou que terão “um momento solene e sagrado, ao serem inspecionados pelo presidente”.

Wu Zeke enfatizou que a parada vai demonstrar o compromisso das Forças Armadas em seguir o Partido Comunista da China. “Seremos sempre leais e confiáveis ao partido”, afirmou.

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Fonte:Notícias ao minuto

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