Dólar e Bolsa fecham em leve alta após dados de inflação do Brasil e dos EUA abaixo do esperado



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar subiu 0,13% nesta sexta-feira (24) e encerrou a semana cotado a R$ 5,392, com investidores repercutindo dados de inflação do Brasil e dos Estados Unidos.

A moeda oscilou entre os sinais ao longo da maior parte do pregão, tendo marcado R$ 5,362 na mínima e R$ 5,402 na máxima, até firmar no positivo no final da tarde.

Já a Bolsa avançou 0,3%, a 146.172 pontos, distante do pico de 147.239 pontos atingido no começo das negociações.

Nesta manhã, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que a inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) desacelerou a 0,18% em outubro, após marcar 0,48% em setembro.

A taxa de 0,18% é a menor para meses de outubro desde 2022, quando marcou 0,16%, e veio abaixo da mediana das projeções do mercado de 0,21%, segundo a agência Bloomberg.

Pelo período de coleta, os dados são considerados uma espécie de prévia do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da inflação do país.

O resultado reafirma a tendência de desaceleração inflacionária, segundo André Valério, economista sênior do Inter.

“A expectativa para os meses restante do ano é de manutenção dessa tendência, com menores pressões nos combustíveis e energia, enquanto o aperto monetário deve contribuir para manter a inflação de serviços e núcleos em queda”, avalia.

Ainda assim, diz ele, a projeção é que o IPCA encerre o ano acima do teto da meta, em 4,7%, e que o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) só inicie o ciclo de cortes de juros em janeiro.

O Copom trabalha com uma meta de inflação em 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. Ou seja, o objetivo é considerado cumprido se o índice ficar entre 1,5% e 4,5% no ano. Para levá-lo ao centro da meta, o comitê usa a taxa Selic para comprimir ou estimular o consumo e, assim, controlar a inflação.

Em declarações na quinta-feira, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que a autoridade monetária está “bastante incomodada” com o ritmo e as expectativas de inflação. “Isso é um ponto de bastante incômodo para o Banco Central, mas estamos falando de uma inflação que está num processo de redução e retorno para a meta em função de um Banco Central que vem se mostrando sempre bastante diligente e tempestivo no combate a qualquer tipo de processo inflacionário”, disse.

O Copom se reúne na próxima semana, entre os dias 28 e 29 de outubro, para decidir sobre o patamar da Selic. A expectativa é por manutenção da taxa nos atuais 15%.

O Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) também se reúne nesses mesmos dias da semana que vem. Mas, por lá, o mercado espera que haja mais um corte na taxa de juros, hoje em 4% e 4,25%, dando continuidade à redução da reunião anterior. Operadores precificam quase 100% de probabilidade de um novo corte de 0,25 ponto percentual no próximo encontro, segundo a ferramenta CME FedWatch.

Os dados de inflação divulgados nesta manhã reforçaram a perspectiva. O CPI (Índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) alcançou 3% no acumulado de 12 meses até setembro -uma aceleração em relação aos 2,9% de agosto, mas abaixo das expectativas de 3,1% de economistas consultados pela Bloomberg.

Para Eswar Prasad, economista da Universidade Cornell, o número da inflação “praticamente garante” um corte na taxa de juros na próxima reunião do Fed.

Isso porque o BC dos EUA vê como mais arriscado a desaceleração do mercado de trabalho do que um repique inflacionário, e essa leitura deverá se manter no próximo encontro.

Ainda que não seja a métrica preferida do Fed para a inflação -o banco central é mais afeito aos dados do PCE (índice de preços para gastos de consumo pessoal)-, o relatório CPI ganha mais importância à luz da paralisação do governo federal norte-americano, que suspendeu divulgações macroeconômicas até a regularização da verba orçamentária.

Desde o início do shutdown, no começo do mês, operadores estão no escuro sobre o estado da economia dos Estados Unidos. Mais do que isso, o Fed, dependente de dados para tomar decisões sobre juros, está sem a referência dos números oficiais.

O presidente da autarquia, Jerome Powell, reconheceu que a paralisação pode virar um problema maior no longo prazo para a autoridade monetária. Por ora, os dirigentes têm se munido de publicações laterais para aferir a temperatura da economia.

Reduções nos juros dos Estados Unidos costumam ser uma boa notícia para os mercados globais. Como a economia norte-americana é vista como a mais sólida do mundo, os títulos do Tesouro, chamados de “treasuries”, são um investimento praticamente livre de risco. Quando os juros estão altos, os rendimentos atrativos das treasuries levam operadores a tirar dinheiro de outros mercados. Quando eles caem, a estratégia de diversificação vira o norte, e investimentos alternativos ganham destaque.

Em relação ao Brasil, há ainda mais um fator que favorece os ativos domésticos: o diferencial de juros. Quando a taxa nos Estados Unidos cai e a Selic permanece em patamares altos, investidores se valem da diferença de juros para apostar na estratégia de “carry trade”. Isto é: toma-se empréstimos a taxas baixas, como a americana, para investir em mercados de taxas altas, como o brasileiro. O aporte aqui implica na compra de reais, o que desvaloriza o dólar.

“Com o CPI mais fraco e o possível corte de juros pelo Fed na próxima quarta-feira, não seria surpresa o real voltar a subir e o dólar se aproximar de R$ 5,30 novamente”, avaliou o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, em comentário enviado a clientes.



Fonte:Notícias ao minuto

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