Ex-vereador que “esculachou” audiência de senador em RO encara Marcos Rogério no Congresso e no Ministério dos transportes
Jabá Moreira diz que pediu demissão e explica viagem a Brasília
Por telefone, O FOLHA DO SUL ON LINE entrevistou, na tarde desta sexta-feira, 23, o ex-vereador em Cacoal por dois mandatos, Mário Angelino Moreira. Conhecido como “Jabá”, ele “causou” durante uma audiência pública realizada em Ji-Paraná, esta semana.
No evento da Comissão de Infraestrutura do Senado, convocado pelo senador Marcos Rogério (PL), Jabá criticou duramente o parlamentar rondoniense, e as imagens de sua polêmica intervenção viralizaram em todo o Estado, através do WhatsApp e das redes sociais (LEMBRE AQUI).
Logo após o episódio, pipocou na imprensa a informação de que, por causa da “treta”, o ex-vereador tinha sido exonerado do cargo de confiança que ocupava na Região Macro 2 da Saúde estadual, que compreende várias cidades, entre elas Cacoal, Rolim de Moura e Vilhena.
O entrevistado não nega a exoneração, mas garante que foi ele quem pediu para sair. Jabá conta que ligou para a Casa Civil e pediu para ser desligado do Governo do Estado, após decidir que iria ainda mais longe contra o senador Marcos Rogério. Aliás, ele atribui à “turma” do parlamentar a boataria a seu respeito após o esculacho na audiência em Ji-Paraná.
Moreira jura que sua intenção, no desabafo em Ji-Paraná, era “fazer uma pergunta e depois voltar para o meu lugar”. Mas, quando Marcos Rogério manteve o microfone desligado, aparentemente para impedir sua fala, aí ele disparou as frases duras “na goela mesmo”, sem a aparelhagem de som.
Jabá diz que vai processar quem atribuiu a ele um salário de R$ 22 mil por mês no Governo de Rondônia, e esclarece que esse total se refere à remuneração acumulada nos últimos três meses, tempo que permaneceu na função.
O motivo levou o cacoalense a “se exonerar” é confessado por ele: no dia seguinte, ele embarcou num avião em sua cidade natal, pagando do próprio bolso os R$ 4.700,00 pelas passagens, e baixou no Senado, em Brasília, onde uma reunião para tratar novamente da privatização da BR 364 acontecia na mesma comissão da Casa.
O ex-vereador conta que, ao vê-lo no Senado um dia após a “treta”, Marcos Rogério teria acionado a Polícia Legislativa, mas neste momento, o também senador Confúcio Moura (MDB) chegou ao local, o abraçou e disse que ele seria seu convidado na reunião.
No outro dia, já com a exoneração sendo preparada, o cacoalense “invocou” e conseguiu entrar em uma reunião no gabinete do ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), a convite do próprio titular da Pasta. Neste evento, como ocorreu no que tinha acontecido no Senado, Jabá não falou nada. “Fui lá apenas para ouvir”.
Quanto à acusação de que seria “petista”, feita por Marcos Rogério, Moreira nega e argumenta que seus dois mandatos como vereador em Cacoal (entre 2013 e 2020), foram exercidos quando ele era filiado ao PRP, que ironicamente se transformou no PL, no qual milita o senador-desafeto.
O polêmico político também esclarece que atualmente faz parte do União Brasil, e que votou duas vezes “naquele burro do Bolsonaro”, referindo-se ao ex-presidente do qual o senador rondoniense é aliado. “Inclusive tenho fotos com meu carro e meu peito adesivados, pedindo votos para ele em 2018 e 2022”, garante.
Jabá confirma ser produtor rural, dono de um sítio de 42 alqueires na região de Pimenta Bueno, onde cria gado, produz peixes e planta seringueiras. “Meu partido é Rondônia e meu lado é o povo”, finalizou com a frase que ele mesmo teria cunhado para fugir dos rótulos polarizados “esquerda” e “direita”.