Netanyahu diz que pretende tomar controle total de Gaza



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Horas antes de se reunir com seu gabinete e funcionários de segurança, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse nesta quinta-feira (7) que Israel pretende assumir o controle militar de toda a Faixa de Gaza e, posteriormente, entregá-la a um órgão militarizado que a governará adequadamente.

A declaração foi dada à emissora americana Fox News, quando o premiê foi questionado se pretende tomar controle de toda o território palestino.

“Nós pretendemos, para garantir a nossa segurança e retirar o Hamas de lá”, afirmou, antes de dizer que não pretendia governa Gaza. “Queremos entregá-la a forças árabes que a governarão adequadamente, sem nos ameaçar, e [darão] aos habitantes de Gaza uma vida boa.”

A entrevista ocorre após dias de tensão entre o governo e a cúpula militar, que divergem dos planos de ocupar totalmente o território. As diferenças ficaram claras em uma reunião na última terça (5) entre o premiê, seu gabinete de segurança e o chefe do Exército, Eyal Zamir.

De acordo com a imprensa israelense, Netanyahu defendeu que Tel Aviv tome completamente o território palestino, mesmo que isso coloque em perigo os reféns sob o poder do Hamas. Zamir, por sua vez, teria afirmado durante o encontro que a ocupação total de Gaza era uma armadilha que poderia resultar na morte dos sequestrados.

Os relatos fizeram a extrema direita israelense criticar diretamente o militar.

No mesmo dia, o filho mais velho de Netanyahu, Yair, que insinuou nas redes sociais uma suposta tentativa de rebelião e golpe contra seu pai. Já Itamar Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional e um dos mais extremistas membros do governo, afirmou que o chefe militar deveria deixar claro que cumpriria as instruções da cúpula política, “mesmo que seja tomada a decisão de ocupar e derrotar”.

Na quarta (6), foi a vez de o ministro da Defesa, Israel Katz, afirmar que os militares iriam executar as ordens do gabinete. “Depois que as decisões forem tomadas na esfera política, o Exército as executará com determinação e profissionalismo -como tem sido feito até agora em todas as frentes.”

No mesmo dia, o ministro das Finanças, o extremista Bezalel Smotrich, disse a jornalistas que esperava uma decisão pelo controle militar de Gaza.

Horas antes da reunião desta quinta, Zamir fez suas primeiras declarações públicas sobre as próximas etapas da guerra desde que foi nomeado por Netanyahu, em março. “Continuaremos expressando nossa posição sem medo, de forma pragmática, independente e profissional”, disse.

“Não estamos lidando com teoria -estamos tratando questões de vida ou morte e a defesa do Estado, e fazemos isso olhando diretamente nos olhos de nossos soldados e cidadãos do país”, afirmou. “A cultura da controvérsia é inseparável da história do povo de Israel. (…) Continuaremos atuando de maneira responsável, com integridade e determinação, com o único objetivo do bem do Estado e sua segurança.”

Pesquisas de opinião mostram que a maioria dos israelenses quer que a guerra termine com um acordo que permita a libertação dos reféns restantes, e a ideia de avançar sobre as poucas áreas de Gaza que Tel Aviv ainda não controla gerou alarme em Israel.

Nesta quinta, Einav Zangauker, a mãe do refém Matan, pediu que as pessoas fossem às ruas para expressar sua oposição à expansão da campanha. “Alguém que fala sobre um acordo abrangente não vai conquistar Gaza e colocar reféns e soldados em perigo”, escreveu ela na rede social X em comentários dirigidos a Netanyahu.

O Fórum das Famílias dos Reféns, que representa os cativos mantidos em Gaza, instou Zamir a se opor à expansão da guerra e pediu ao governo que aceitasse um acordo que encerrasse a guerra e libertasse os reféns restantes.

A comoção aumentou na semana passada, quando o Hamas e o Jihad Islâmico divulgaram imagens de dois reféns vivos e desnutridos. Ainda há 50 reféns em Gaza, mas autoridades israelenses acreditam que 20 estão vivos. A maioria das libertações ocorreu após negociações diplomáticas, mas tentativas de estabelecer um novo cessar-fogo fracassaram em julho.

Para a ONU, uma possível expansão das operações militares de Israel em Gaza são “profundamente alarmantes”. O Ocha, o escritório de ajuda humanitária das Nações Unidas, estima que 87,8% de Gaza esteja sob ordens de deslocamento ou dentro de zonas militarizadas, o que significa que 2,1 milhões de civis estão se espremendo em pouco mais de 12% de território, que já era um dos mais densos do mundo mesmo antes do conflito.

A maior parte dos moradores foi deslocada várias vezes nos últimos 22 meses, e, na semana passada, o IPC (Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar), iniciativa apoiada pela ONU, afirmou que Gaza sofre “o pior cenário possível” de fome, com uma em cada três pessoas passando vários dias sem comer nada.

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, quase 200 palestinos morreram de fome em Gaza desde o início da guerra, quase metade deles crianças.



Fonte:Notícias ao minuto

Loading...
G-85M2RY8Z3B