O sul da Europa enfrenta uma forte e prolongada onda de calor, que atingiu uma extensão geográfica inédita na França e se espalhou dos Bálcãs até a Inglaterra. Em Portugal, o fenômeno provocou até a formação de uma rara “nuvem rolo”, vista em trechos do litoral. Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram a imensa nuvem horizontal se movendo do mar em direção às praias.
No interior do país, os termômetros chegaram a marcar 46,6 °C em Mora, no distrito de Évora — um dos valores mais altos já registrados em Portugal, próximo ao recorde de 47,3 °C na Amareleja, em 1º de agosto de 2003, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Devido ao calor extremo, o IPMA colocou sete distritos em alerta vermelho entre domingo e terça-feira: Lisboa, Setúbal, Santarém, Évora, Beja, Castelo Branco e Portalegre. Os demais estão sob alerta laranja ou amarelo, dependendo do dia.
O mar Mediterrâneo também bateu recordes: com média de 26,01 °C, segundo o programa europeu Copernicus e análise da Météo-France, nunca havia sido registrada uma temperatura superficial tão alta.
Em terra firme, as marcas também impressionam. A França teve a noite mais quente de junho desde o início dos registros, e a segunda-feira estabeleceu um novo recorde mensal, segundo dados provisórios da Météo-France. Paris entrará em alerta vermelho nesta terça-feira, seguindo cidades como Roma e Milão.
Atualmente, 84 dos 95 departamentos franceses (excluindo os territórios ultramarinos) estão em alerta laranja, o que representa uma abrangência “sem precedentes”, conforme destacou a Ministra da Transição Ecológica da França, Agnès Pannier-Runacher.
Na Espanha, foram batidos recordes históricos de temperaturas máximas e mínimas em diversas estações meteorológicas. No sábado, Huelva registrou 46 °C, superando os 45,2 °C de Sevilha em junho de 1965.
Na Itália, 17 cidades, incluindo Roma, Milão, Florença e Verona, foram colocadas em alerta vermelho pelo Ministério da Saúde. Em Bolonha, foram criados “abrigos climáticos” e, em Ancona, desumidificadores estão sendo distribuídos à população mais vulnerável.
Segundo Antonio Spano, especialista do site ilmeteo.it, trata-se de “uma das ondas de calor mais intensas do verão”, tanto pela força quanto pela duração.
Enquanto isso, incêndios florestais afetam várias regiões italianas. Uma mulher de 77 anos morreu no domingo, sufocada pela fumaça de um incêndio próximo à sua casa, em Potenza, no sul do país.
Na Turquia, mais de 50 mil pessoas de 41 localidades precisaram ser retiradas devido aos incêndios. Na Espanha, dois trabalhadores rodoviários morreram no sábado, provavelmente por insolação, o que levou sindicatos a exigirem medidas de proteção para profissionais expostos ao sol.
As ondas de calor estão se tornando mais intensas, precoces e duradouras por causa das mudanças climáticas.
Na Croácia, grande parte do litoral está em alerta vermelho com temperaturas em torno dos 35 °C. Montenegro enfrenta risco elevado de incêndios, enquanto a Sérvia lida com seca severa em grande parte do território.
O Reino Unido também foi afetado pela onda de calor. No primeiro dia do torneio de Wimbledon, autoridades britânicas emitiram alerta âmbar (segundo nível mais grave) para cinco regiões da Inglaterra, incluindo Londres.
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Fonte:Notícias ao minuto